DOÇURA
DOÇURA
As ideias borbulham com o despertar da manhã sem chuva e com sol indo em
busca do verão. As situações aparecem como que por encanto naquele semblante
manso e quieto dela que desliza sob o manto de singular discrição. Sua presença
convoca a lembrança silenciosamente e só depois, muito depois, é que ela
aparece oferecendo esplendor inconfundível. Sua voz acaricia o silencio vindo
do passado ao presente impondo jeito próprio de ser quem ela é.
Quando o tempo se permite ao
meditar eis que brota o contraste inconfundível do que se mostra literalmente
autêntico. Assim é que nos damos conta
das marcas deixadas em nossa memória com registros de instantes idos, mas
trazidos à conferência do que nos cativa.
A doçura do carinho é o equivalente ao de algum fruto brotado do cultivo
acontecido no íntimo da gente.
Belo Horizonte, 12 dezembro 2017
DESEMPANANDO
Quando a empada passou a ser mais importante que o freguês, instalou-se
o equívoco.
Quando acreditou-se no lucro proporcionado pela empada, ignorando o
trazido pelo freguês, o equívoco tornou-se ainda mais alimentado.
Freguês não é empada. Por isso mesmo é que a empada nada tem a oferecer
ao freguês. O freguês sim é que oferece o seu apetite, o seu paladar e a sua
vontade à empada. Do que servirá a receita, o tempero ou a estética da empada,
sem a apreciação de quem irá dar a ela algum valor?
Confundir empada com freguês é o mesmo que querer vender o freguês para
a empada.
Será isso sensato?
Belo Horizonte, 03 maio
2001
Um comentário:
Prosa super poética. Muito bom
.
Deixando um abraço
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